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NEABI do Campus Tucuruí palestra na Comunidade Quilombola de Igarapé Preto

  • Publicado: Quarta, 29 de Junho de 2022, 11h32
  • Última atualização em Quarta, 29 de Junho de 2022, 11h38

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena (NEABI) do IFPA/Campus Tucuruí participou de uma programação na Comunidade Quilombola de Igarapé Preto, na região do Baixo Tocantins, na qual palestrou sobre o tema “Território e Identidade Quilombola: palavras, memória e pertencimento cultural”, tendo como ministrante o professor Oberdan Medeiros. A atividade ocorreu no dia 17 de junho e fez parte da visita técnica realizada pela equipe do Projeto Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Quilombola de Igarapé Preto, que resulta de parceria entre a Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA), a Associação dos Remanescentes do Quilombo de Igarapé Preto e Baixinha (Arqib), em Oeiras do Pará, e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet).

Durante o evento (que além de promover o intercâmbio de conhecimentos entre os participantes, teve o objetivo de reforçar o fortalecimento dos laços da ancestralidade africana e da identidade com o território), o professor Oberdan Medeiros afirmou que a educação é um dos principais e mais consistentes caminhos para desconstruir o preconceito racial decorrente do racismo estrutural da sociedade brasileira, rompendo com a visão colonial e eurocêntrica que foi imposta. Para tanto, é fundamental inserir a África e a perspectiva dos que lá vivem ou são descendentes, com seu longo histórico de escravização, no ensino e formação de jovens.

Foram muitas as diásporas vividas pelo povo africano, conforme o palestrante, em vista dos sucessivos deslocamentos compulsórios a que foi submetido no processo de escravização. “Todo processo de diáspora impõe negociações de identidade, pois ao mesmo tempo que aqueles que se deslocaram retêm fortes vínculos com seus lugares de origem e suas tradições, embora sem a ilusão de um retorno ao passado, veem-se obrigados a negociar com as novas culturas em que vivem. A grande questão é como fazer isso sem serem simplesmente assimiladas por elas e sem perder completamente suas identidades”, assinala.

Em diálogo com a comunidade, o professor discutiu o conceito de etnocentrismo, base do processo de colonização e da colonialidade do poder por parte dos europeus. Diante desse contexto, ele ressaltou a importância da afirmação da identidade étnica dos remanescentes de quilombos, que faz com que se reconheçam como pertencentes a uma ancestralidade comum, seja pelos traços de semelhança física, cultural ou histórica. Nesse cenário, “os quilombos, instituição política africana da região banta, foram repensados na realidade brasileira como uma alternativa de organização social ao escravismo criminoso, levando à emergência de uma identidade afro-brasileira, com ascendência parcial ou totalmente africana”, diz Oberdan.

É em seu território, no lugar onde vivem, segundo ele, que se tece a relação entre as lideranças e o cotidiano da comunidade, a fim de discutir alternativas de ação política e mobilização que lhe permitam resistir e se insurgir contra toda e qualquer tentativa de violar seus direitos, o que inclui a necessidade de superar inúmeras dificuldades relativas à forma como o Estado se posiciona junto às populações quilombolas. O professor deixa claro que “só podemos alcançar o objetivo de reposicionar o negro e as relações raciais no Brasil por meio de releituras das visões de mundo hegemônicas que nos impuseram, promovendo rupturas com esse padrão histórico de dominação”.

(Com informações da Ascom da CRF/UFPA).

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